Há exatos 100 anos a humanidade viveu os
horrores de um primeiro conflito em escala mundial, suas proporções catastróficas
ainda hoje causam debates sobre os fatores responsáveis por desencadear uma disputa que dissipou 10 milhões de vidas e deixando um saldo de 25 milhões de feridos.
Devemos buscar as raízes da 1º Guerra Mundial (1914 – 1918) nas disputas imperialistas
oriundas da partilha da África e Ásia no contexto da corrida Neocolonial, França
e Inglaterra dominaram a maior parte dos territórios disponíveis nesses
continentes desagradando Itália e Alemanha que ficaram a segundo plano no
espólio dos países Africanos.
As Potências Europeias
enxergavam a aquisição de novas colônias como o meio necessário para expandir
seus mercados consumidores, neste contexto a Segunda Revolução Industrial é
fator direto da animosidade que surgiu entre Britânicos e Alemães pela disputa
da hegemonia mundial na área Fabril. O ódio que os Franceses nutriam em relação
aos Germânicos remonta a Guerra Franco – Prussiana onde as regiões de Alsácia –
Lorena foram confiscadas por Otto Von Bismarck , os Franceses sonhavam com uma
revanche que pudesse trazer de volta os territórios perdidos.
O Nacionalismo está no cerne da
rivalidade que acabou gerando uma política de alianças que desembocou no
conflito armado, França e Ingleses assinaram a Entente Cordiale se precavendo
de uma agressão Germânica no futuro, por sua vez Alemães, Austríacos e Italianos
estavam juntos na Tríplice Aliança. O alvorecer do século XX trouxe aos
Europeus um período de prosperidade, a chamada “Bela Época”, simultâneo ao florescimento
cultural todos se preparavam para um conflito que parecia inevitável, enormes
gastos foram feitos na indústria bélica –” Paz Armada”.
A região da Sérvia era outro
foco de tensão que acabou sendo co- responsável pela eclosão da “Grande guerra”
como diz os Europeus, o império Austro – Húngaro dominava essa região, que
sonhava em se libertar para se juntar com a Bósnia criando uma grande pátria Eslava.
Esse sonho era alimento pelos Russos por questões econômicas, a região dá passagem
ao estreito de Dardanelos uma importante
saída para o Mar que agradava aos negócios do Czar da Rússia Nicolau Alexandre II.
Em 1914 o herdeiro do Trono
Austríaco Francisco Ferdinando anunciou que estaria em visita oficial a Sarajevo
capital da Bósnia, mesmo sabendo do risco iminente de morte ele insistiu na
viagem, na região agia uma organização terrorista intitulada “Mão Negra”. A
visita do Arquiduque era a chance há muito tempo esperada para dar cabo da vida
do homem que eles julgavam ser um dos responsáveis pela opressão vivida pelo
povo Sérvio.
O Herdeiro Austríaco e sua Esposa
Sofia de Hohenberg foram assassinados por um jovem integrante da “Mão Negra”
chamado Gavrilo Princip no dia 28 de Junho de 1914, essas mortes causaram um
cataclismo político que mergulhou o continente Europeu numa Guerra Brutal que
ao longo de quatro anos colocaram em xeque os valores de civilidade tão inerentes
ao povo do “Velho mundo”. A Alemanha se aproveitou do incidente político para
desencadear a Guerra, seus bombardeios a Sérvia em ajuda ao Austríacos fizeram com
que as alianças militares fossem postas em prática, os Russos compraram as
dores dos Sérvios declarando guerra aos Germânicos.
Na seqüência os Franceses entram na Guerra em
socorro aos Russos e por sua a vez a Inglaterra em cumprimento dos acordos da
Entente Cordiale, numa fração de dias metade do continente estava em Estado de
Guerra.Milhões de soldados foram deslocados para os combates , muitos deles
sequer entediam os reais motivos do conflito, era realmente complicado ao
cidadão comum mensurar a confusão Geopolítica que causou a contenda.
Após o deslocamento de tropas os
soldados da Tríplice aliança e da tríplice Entente passaram meses entocados em
terríveis trincheiras cavadas para barrar o avanço de tropas inimigas, ali
muitos morreram vitimados por uma série de doenças, é irônico imaginar que mais
combatentes morreram por moléstias do que bombardeios. A Guerra parecia
estagnada , avançar alguns quilômetros custava milhares de vidas , o mito de
ela poderia acabar em alguns meses não se configurou na prática, os Estados
Unidos não se envolveram diretamente do conflito até meados de 1917.
O Presidente Norte - Americano Thomas Woodrow Wilson
procurou se manter fora da Guerra, chegou até a propor uma paz honrosa aos
Alemães que foi prontamente negada (14 pontos de Wilson).A guerra submarina
iniciada pela Alemanha levou a pique o Navio Americano RMS Lusitânia matando
mais de 2 mil passageiros que estavam a bordo, esse ataque desencadeou uma onda
patriótica que nem mesmo o Presidente pode conter, em 1917 os Soldados Norte –
Americanos já estavam na guerra lutando ao lado da Entente.
A
entrada Norte Americana desequilibrou a Guerra a favor da Entente que passou a
ofensiva , o exército Alemão se rendeu antes mesmo de ter seu País invadido, dia
11 de Novembro de 1918 a Guerra estava terminada. Na Alemanha o povo forçou a
queda do Kaiser Guilherme dois dias antes do fim da Guerra, no lugar da
monarquia foi instaurada a República de Weimar com tendências socialistas,
porém a mudança de regime não amenizou a fúria dos vitoriosos.
Em 1919 foi elaborado em Paris pelas potências
vencedoras o chamado tratado de Versalhes, documento que punia e responsabilizava
a Alemanha pela eclosão da Guerra, mesmo com a vontade do Presidente Wilson de
amenizar a situação dos derrotados, acabou pesando no final o sentimento revanchista
Francês que via na destruição da Alemanha uma forma de garantir a paz futura.
O tempo mostrou que os Franceses
estavam equivocados, as humilhações impostas pelo tratado manteve o nacionalismo
e o sentimento de vingança vivos em grande parcela do povo Alemão, anos depois
os regimes autoritários de cunho Fascista souberam se aproveitar do clima tenso
para ascender ao poder e posteriormente mergulhar a Europa numa Guerra de
proporções ainda mais brutais que a Primeira.
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