sábado, 9 de abril de 2011

O Trabalho Escravo no Brasil : Colônia e Império

Em meados de 1530 Portugal dá início a Colonização efetiva do Brasil com as chamadas Capitanias hereditárias, o regime do grande latifúndio agroexportador de Açúcar tomava forma na faixa litorânea. Os Canaviais necessitavam de ampla Mão de obra ,problema para a Metrópole que contava com uma população reduzida e não disposta a atravessar Atlântico para trabalhar na grande Lavoura.
O índio que foi utilizado na exploração predatória do Pau Brasil não foi utilizado na grande lavoura do Açúcar em parte pela proteção dos Jesuítas e também em razão dos milhões de Escravos Negros Africanos trazidos para alimentar o trabalho colonial. A opção de Portugal pelo trabalho escravo negro se explica pelo elevado lucro que a atividade gerava , no entanto não podemos deixar de mencionar que a escravidão é anterior a chegada Européia na África,tribos rivais escravizavam os prisioneiros de guerra utilizando- os nas mais variadas tarefas.
O tráfico Negreiro com vistas a abastecer a América com mão de obra deslocou em três séculos de atividade cerca de 11 milhões de cativos, desse montante cerca de 40% foram trazidos para o Brasil. Os traficantes trocavam produtos tropicais fabricados nas colônias como Fumo e Aguardente por negros que se encontravam espalhados pela costa africana em feitorias devidamente preparadas para aprisioná-los até que um Navio Tumbeiro viesse buscá-los.
A viagem durava em média 45 dias, acomodados em porões fétidos, os negros sofriam com as doenças que se alastravam com facilidade em razão do ambiente sujo e de aglomeração. No Brasil os tumbeiros aportavam em Salvador na Bahia ou no Rio de Janeiro , principais centros escravistas da Colônia, os lotes de escravos eram vendidos como “Mercadorias Humanas” , cujo preço era determinado por critérios físicos e sexo.
As famílias eram separadas de propósito, era preciso acabar com os laços afetivos que no futuro pudesse desembocar em revoltas contra o sistema escravista. Nas fazendas os escravos trabalhavam em todas as etapas de produção do açúcar , as senzalas abrigavam os “Negros de Fora”, aqueles utilizados na grande lavoura,os “Escravos de dentro” eram o de Melhor aparência física e boa dentição utilizados como empregos na Casa grande do senhor de engenho.
O trabalho na grande lavoura começava cedo e se estendia até o por do sol, alimentados com carne seca, farinha de mandioca e verduras os cativos recebiam roupas simples que se assemelhavam a sacos de batata. A rotina era de trabalho duro e não raro recheada de castigos corporais em razão de supostas faltas ou rebeldias cometidas com seus senhores.
O engenho era formado por uma ampla estrutura produtora de açúcar, os senhores de engenho para manter tudo funcionando necessitava de ampla mão de obra, não é a toa que Antonil disse “Os escravos são mãos e pés dos senhores de Engenho”. O investimento era alto , o escravo é parte do patrimônio de um senhor , portanto ele fazia tudo para não perdê-lo,os castigos foram amplamente aplicados como forma de coibir tais fugas, toda fazenda possuía capitães do mato especialistas em perseguir e recapturar negros fugitivos antes que os mesmos atingissem um quilombo.
Os quilombos eram comunidades formadas com negros que conseguiam fugir do trabalho escravos nas fazendas e cidades, formados em regiões de difícil acesso, essas comunidades desenvolviam uma vida paralela e de liberdade em meio ao sistema escravista. O reduto negro mais famoso da história do Brasil foi o quilombo do Palmares na região da serra da barriga entre os atuais estados do Pernambuco e alagoas.
A resistência escrava se deu de diversas formas, a mais comum foram às fugas e tentativas de se chegar a um quilombo, o suicídio também foi uma prática que acontecia com freqüência, ainda existiam os escravos de ganho que recebia autorização para trabalhar aos finais de semana e com o dinheiro comprar a liberdade com uma carta de alforria e ainda a capoeira que foi amplamente utilizada como forma de luta contra a escravidão. No século XVIII , no auge da economia mineradora o trabalho do escravo negro continuou amplamente explorado , as minas estavam abarrotadas de cativos que trabalhavam horas a fio na extração do ouro e diamante que alimentavam as finanças Portuguesas.
Em razão do contrabando e dos escravos que tentavam esconder o ouro e diamantes para a compra de cartas de alforria, Portugal criou punições severas e castigos ainda mais rígidos para coibir tais práticas, não raro cativos foram marcados com ferro quente e tiveram orelhas cortadas. Em 1822 D .Pedro I , proclama a independência do Brasil que nos libertou das amarras que nos prendiam a Portugal , no entanto a nossa emancipação política não vem acompanhada da libertação dos escravos.
A primeira constituição de 1824 manteve a escravidão como propriedade de direito dos grandes latifundiários brasileiros e o sistema continuou durante todo o período monárquico, a economia Brasileira mudou de rumo passando a investir no Café, produto que o valor não parava de subir no mercado mundial. Os cafezais cresciam a passos largos no Vale do Paraíba (SP) e também no Oeste Paulista , tudo alimentado a mão de obra escrava negra , porém o contexto era diferente , pois a Inglaterra não mais poderosa do mundo no século XIX virou abolicionista e passou a defender o fim do tráfico e da escravidão.
A nova postura abolicionista dos Ingleses entrava em rota de colisão com os interesses brasileiros de uma economia toda alicerçada no trabalho escravo, por pressão Britânica tivemos que aprovar a lei Eusébio de Queirós que extinguia o tráfico negreiro para o Brasil. Os fazendeiros do nordeste vendiam seus cativos para a grande lavoura do Café na região sudeste como forma de recuperar os investimentos, já que o açúcar a muito estava em decadência, não necessitando mais do trabalho Escravo de outrora.
O tráfico interno apenas amenizava a necessidade de mão de obra, em longo prazo os cafezais estariam estagnados se o governo não achasse uma solução rápida para a questão. Em meados de 1850 o governo de D. Pedro II passa a incentivar a imigração Européia como substituta nas lavouras cafeeiras que não paravam de crescer e no fundo ele próprio sabia que a escravidão estava com os dias contados com o fim do tráfico.Em 1864 o Brasil estava em guerra com o Paraguai , os negros lutaram lado a lado com o exército para garantir a soberania da nação e mesmo assim a escravidão persistia como mão de obra do império.
A participação dos Negros na composição do Exército Brasileiro e bravura no campo de batalha ajudou a despertar um forte sentimento abolicionista, que somado a fatores morais e econômicos transformava a escravidão em uma instituição que causava revolta e indignação em grande parte da população. O movimento abolicionista se organizava em Jornais que combatiam a escravidão em artigos inflamados , clubes abolicionistas levantavam fundos para compra de alforrias e muitos chegaram ao ponto de organizar fugas de escravos como os famosos Caifazes.
Pressionado por todos os lados os Políticos aprovam a primeira lei abolicionista, a lei do ventre livre (1871) libertava os filhos nascidos de mãe escrava após atingirem a maioridade, o trabalho era a maneira de indenizar os proprietários. Em 1885 é aprovada a lei dos sexagenários , escravos com mais de 60 anos ganharam a liberdade e a lei derradeira que pós fim a escravidão no Brasil foi assinada pela princesa Isabel no dia 13 de maio de 1888.

3 comentários:

  1. Hilário, primeiramente parabéns pelo blog repleto de ótimos textos e muita informação boa, e em particular este ta perfeito são algumas aulas em um único texto, linguagem simples , logo é de fácil compreensão, acho que nós alunos somos privilegiados por ter aulas em com profissionais tão bem preparados, me refiro também ao Wassal, Enzo , Marcelo e todo o corpo docente do colégio Objetivo.

    Novamente parabéns, e muito abrigado pelo conhecimento que me foi passado.

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  2. Douglas são palavras como as suas que me faz seguir em frente e continuar nessa luta pela propagação do conhecimento ...Obrigado pelos elogios ...Disponha sempre que precisar!!!! Abraços

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  3. nossa excelente artigo sera usado em meu tcc, publica as bibliografias depois se puder
    grata

    continue

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