segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

A REVOLTA DA VACINA

No Despertar do século XX, o Rio de Janeiro desfrutava da posição de Capital Federal, berço cultural e Político da República Brasileira. Apesar da glórias a Cidade vivia um cotidiano de sérios Problemas,o crescimento desordenado levou a proliferação de diversos cortiços , locais de péssima condição higiênica e de pessoas vivendo aglomeradas.
Nas Ruas o cenário também não era dos melhores, muita sujeira espalhada pelas esquinas da cidade e esgoto correndo a seu aberto, ratos e baratas disputavam o espaço urbano com a população, que indignada convivia com doenças e o mau cheiro que emanava das águas fétidas. Turistas que passeavam pela cidade se encantavam com as belezas naturais e reclamavam da sujeira da Capital brasileira, com freqüência muitos estrangeiros presenciavam a cena grotesca de ver os moradores da cidade jogarem vezes acumuladas em latrinas pela janela.
Nesse contexto as epidemias encontravam terreno fértil para uma rápida proliferação, todos os anos dezenas de pessoas morriam vítimas da Varíola e da Febre Amarela. Grupos de intelectuais, médicos sanitaristas , Políticos e outros profissionais exigiam do governo um amplo projeto de Reurbanização e higienização da Capital federal.
A cidade do Rio de Janeiro era administrada na época pelo engenheiro Pereira passos, e como prefeito tomou a decisão de levar a cabo uma série de reformas que ele intitulou “Bota Abaixo”, seu plano previa a derrubada de prédios antigos e a abertura de novas e espaçosas avenidas. Sua ambição apoiada pelo então presidente da República Rodrigues Alves (1902-1906) era de transformar o Rio de Janeiro em um Cartão Postal , Uma “Paris dos Trópicos.
O problema foi o que fazer com a ampla população pobre que moravam nos cortiços da região central, em um ato de total descaso essa massa foi empurrada para os morros e encostas, formando as grandes favelas Cariocas. O “Bota Abaixo “ foi um sucesso , criou novas avenidas como a central e a beira Mar , deu cara a prédios modernos e europeizados , o preço pago foi uma crise imobiliária que elevou o valor da propriedades e dos aluguéis impedindo que a massa pudesse retornar aos antigos endereços.
A Reurbanização cidade do Rio de janeiro foi acompanhada de um amplo projeto de limpeza e desinfecção das ruas e moradias na tentativa de erradicar os focos de doenças que ajudavam a proliferar as epidemias. Sob a liderança do mundialmente conhecido médico sanitarista Osvaldo Cruz , as “Brigadas Mata – Mosquitos” , invadiam as casas para eliminar focos de água parada e vacinar as pessoas contra a varíola.O problema era a violência com que tudo isso era feito , quando os sanitaristas eram proibidos de entrar em determinadas casas ou na aplicação da vacina naqueles que relutavam em tomar , eles faziam uso da força física com a ajuda de policiais.
A população não aceitava mais esse ato arbitrário do governo e também existia uma descrença em relação à Vacina, muitos acreditavam que o povo estava sendo usado como cobaias para testar a eficácia da mesma. A ignorância popular em parte se explica pelas calunias criadas pela oposição nos meios de imprensa dizendo que a vacina não era segura e que a real intenção do governo era se livrar de vez dos Pobres.
No final de outubro de 1904 o presidente Rodrigues Alves transformou a vacinação contra varíola obrigatória, esse ato despertou a fúria da população, foi à gota d’água na paciência dos cariocas. As ruas foram tomadas , o povo descia as encostas com sede de justiça social , a raiva estava acumulada desde o momento que milhares perderam suas casas para dar lugar a uma cidade reformulada.
O comércio foi atacado e mercadorias roubadas , prédios destruídos e apredejados , bondes derrubados , incêndios por toda cidade e uma série de outros crimes promovidos por aqueles que se aproveitaram do momento para cometer atos de bandidagem.O governo reagiu à altura promovendo uma séria repressão que contou com apoio da marinha e tropas enviadas do vale do Paraíba para conter os revoltosos.
Depois de tanta confusão e centenas de prisões o presidente revogou o decreto que tornava a vacinação obrigatória, na tentativa de conter os ânimos acirrados a vacina virou opcional e aos poucos a população percebeu a sua eficácia. Em resumo não podemos dizer que a revolta da vacina se desencadeou por conta de um decreto que a tornava a vacina obrigatória , suas raízes são sociais , no eterno descaso das autoridades brasileiras que delegam ao povo o papel de coadjuvantes.Empurrar o povo para as favelas deixou seqüelas que vieram a tona no momento que as autoridades tomaram novas medidas arbitrárias a vontade popular , ai estão as verdadeiras razões dessa revolta de massa que tomou conta das ruas cariocas no final de 1904.

6 comentários:

  1. Grande Hilário!!!
    Estou utilizando seu blog como fonte de pesquisas para a História da Polícia Militar do Estado de São Paulo (que, por vezes, se confunde com a própria história nacional).
    Hoje, estou fazendo um trabalho sobre a atuação da Força Pública na Revolta da Vacina!!!
    Muito obrigado por compartilhar seu conhecimento!!
    Um grande abraço e, sempre que precisar, conte comigo.
    Al Of PM Vinicius Fullmann - Academia do Barro Branco.

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  2. Obrigado querido pelo comentário , agradeço muito o respeito comigo e com o meu trabalho , saibas Vinicius Fullmann que tb te considero um amigo e conte comigo no que precisar

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  3. muito bom o assunto sobre a vacina!!!
    parabens Hilário, por apresentar uma tema importante de forma nitida e objetivo.
    bjoooss

    mariana ferlete romera- objetivo atibaia

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  4. Obrigado Mariana pelo carinho e elogios ao meu trabalho ...disponha!!!!

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  5. Muito bom! Aí estão as raízes das favelas do Rio.

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