sábado, 16 de outubro de 2010

A Fuga da Família Real Portuguesa para os trópicos !!!

O Príncipe D. João e a família real desembarcaram no Rio de janeiro no dia 8 de março de 1808, pela primeira vez um Monarca Europeu é desterrado de seus domínios sendo obrigado a se refugiar em uma de suas Colônias. Contar a trajetória Imperial no Brasil partindo da chegada da Família Real seria negligenciar os antecedentes que obrigaram a dinastia de Bragança a praticar tamanho ato de sofrimento e Humilhação.Nosso ponto de partida é a Europa de Napoleão Bonaparte que no inicio do século XIX que deixou grande parte do continente de joelhos diante de seu poder.Em 1789 cansados dos abusos do clero e nobreza o terceiro estado Francês, grupo numeroso e que reunia as mais variadas classes sociais desencadearam uma revolução liberal e de caráter iluminista para abolir privilégios e limitar os poderes da monarquia Francesa que a muito oprimia a população com pesados impostos.A Queda da bastilha foi muito mais que a simples derrubada de uma prisão que simbolizava o absolutismo e o poder Real, sua tomada pela população foi um exemplo que exército nenhum seria capaz de sufocar , a liberdade era o hino cantado em todas as regiões da Europa a partir de então – A Monarquia estava com os dias contados .Napoleão Bonaparte tomou o poder em um episódio conhecido como golpe do 18 Brumário,que dissolve o diretório e instaura o consulado , o caminho estava para expandir o seu fiel exército por vales , rios e planícies da Europa “derrubando monarcas” .Napoleão se julgava o líder que propagaria os ideais de liberdade da revolução Francesa pelo velho continente.Em 1802 seu poder aumenta com o título de cônsul vitalício , mas para ele ainda parecia pouco diante de tamanhas pretensões que possuía e dois anos depois em cerimônia solene e com a presença do Papa Pio VII, Bonaparte é aclamado Imperador da França. Para um homem que se julgava um mensageiro da liberdade até que a coroa que ele tomou das mãos do Papa lhe caiu muito Bem. Com poderes ilimitados ele da inicio ao seu projeto de dominar os territórios ocupados por dinastias absolutistas que a muito reinavam triunfantes sobre a Europa. Nas campanhas militares do exército francês os territórios que pertenciam a Áustria, Prússia e Rússia caíram com relativa facilidade nas mãos do Império napoleônico, mas a Inglaterra se mantinha firme e inatingível mesmo diante de um inimigo tão poderoso. Sua condição insular e sua Marinha poderosa comanda pelo almirante Nelson forneciam a Grã Bretanha uma tranqüilidade de não combater dentro de seu território.Napoleão viu sua frota naval ser praticamente destruída pela marinha Britânica na Batalha de trafalgar em 1805 , mesmo contando com ajuda Espanhola a marinha Francesa não foi capaz de vencer as manobras geniais do almirante Nelson na costa Espanhola e no canal da mancha.Na tentativa de minar a resistência Inglesa para uma nova investida no futuro,Napoleão institui o Bloqueio Continental em 1806,o decreto proibia todas as nações da Europa de estabelecerem relações comerciais com a Grã Bretanha.Os países do velho continente estavam proibidos de comprar manufaturados ou vender matérias primas para o império britânico, a nação que ousasse não cumprir as determinações impostas por Bonaparte estariam sujeitas a represálias militares do poderoso exército francês.É nesse contexto de França e Inglaterra disputando a hegemonia política e econômica na Europa, que Portugal um reino pequeno e até então neutro, se vê encurralado pela antiga aliança com os Ingleses e sob as ameaças de invasão de Napoleão Bonaparte caso os lusos não aderissem ao bloqueio continental.O Reino Português corria sério risco de sumir do mapa, e o homem encarregado de salvar a monarquia Portuguesa e tudo que ela representava era o Príncipe regente D. João VI.O Monarca Português nasceu no dia 13 de maio de 1767 , no palácio real da Ajuda em uma região próxima a Lisboa.Era o segundo Filho do Rei Dom Pedro III e Dona Maria Isabel de Bragança, que com a morte do marido e posteriormente do filho D. José em 1788, ela passou a utilizar título de Dona Maria I. D.João VI era o segundo na linha de sucessão e com a morte do primogênito ele se transformou em herdeiro direto do trono Português, episódio que não demorou em razão da insanidade crescente da rainha. Ele toma posse do trono em 10 de fevereiro de 1792 e no ano de 1799 é aclamado como Príncipe regente .O príncipe regente era uma homem discreto , extremamente religioso e segundo contemporâneos era uma político limitado por crises constantes de indecisão , defeito perigoso para um monarca que vivia rodeado por uma corte dividida entre partidários da França de Napoleão e fieis seguidores da monarquia parlamentar inglesa.Se já não bastassem os problemas políticos a resolver o príncipe se via envolto em escândalos familiares proporcionados por uma mãe com problemas mentais e um casamento infeliz e problemático com a Infanta Espanhola Dona Carlota Joaquina, que estava sempre envolvida em conspirações e especulações de adultério.A esse Homem coube a tarefa de decidir os rumos da monarquia portuguesa.O Príncipe D. João VI tinha três soluções aparentes e todas pareciam desfavoráveis a ele , sua primeira opção era ceder as vontades de Napoleão e aderir ao Bloqueio continental e assim afastar uma possível invasão .Porém tal medida romperia tratados e alianças comerciais e militares do Portugueses com a Inglaterra ,opção no mínimo perigosa,era trocar um inimigo perigoso por outro de poder semelhante.A segunda alternativa era ficar em Portugal e resistir a invasão do exército francês , parecia uma solução Honrosa e o certo a se fazer , mas como todos sabiam tal ato era uma declaração de destruição de Portugal e da Monarquia de Bragança.A Terceira via era fugir com toda a família real Portuguesa para o Brasil e deixar a luta a cargo da Inglaterra ,essa tese era defendida por Londres como a melhor saída naquele cenário.A Ideia de transferir a corte para o Brasil não era nova , em momentos anteriores da História Portuguesa políticos e homens influentes como o padre Antônio Vieira Já cogitavam a transferência do poder metropolitano para o Brasil. Nesse cenário de guerras Napoleônicas e de invasão da península Ibérica o principal articulador da idéia de transferir a corte portuguesa foi o embaixador D. Rodrigo de Souza Coutinho, conde de Linhares. Suas ideias de construção de um novo império na América já lhe haviam causado muitos problemas e até gerou o seu afastamento das decisões da política portuguesa, mas com o avanço de Napoleão suas propostas foram resgatas e junto a elas o prestígio outrora perdido. E meio a indecisão de D. João VI estava um imperador cada dia mais impaciente, Napoleão exigia de Portugal a adesão ao Bloqueio continental, o fechamento dos portos a embarcações da Grã Bretanha, o seqüestro de bens pertencentes a ingleses que residiam no reino luso. Não dando mais espaço para decisão por parte do Reino ibérico Bonaparte da à ordem para que o General Jean andoche Junot comandasse as tropas de invasão. Sob o comando de Junot o Exército Francês com quase 30 mil homens atravessam a Espanha em direção as fronteiras Portuguesas,não havia mais tempo para resistir ou diplomacia , a saída que restava para D. João era fugir e ao menos salvar sua Família e esperar que num futuro próximo eles pudessem retornar para uma Europa em paz e sem o domínio Napoleônico.Em uma verdadeira operação de guerra os preparativos foram acelerados para embarcar a família real e milhares de integrantes da corte Portuguesa ,antes que as tropas de Junot invadissem Lisboa impedindo qualquer tentativa de fuga.No dia 26 de novembro de 1807, o príncipe regente organiza uma junta que governaria Portugal após a sua partida,com ordens claras de não resistir para poupar a vida de seus súditos que ele fora obrigado a deixar.O cais estava repleto de lama em virtude de vários dias chuvosos que antecederam a partida ,em meio a uma população incrédula livros da biblioteca real , pratarias e porcelanas se amontoavam em meio ao caos e balbúrdia.Cerca de 10 mil pessoas embarcaram em precários 15 navios da Frota Portuguesa,mas segundo alguns especialistas esse número que “fugitivos” pode ser bem maior em decorrência da confusão que se instaurou nas rampas que levavam aos barcos.A Família Real portuguesa foi embarcada em 4 navios,distribuição estratégica ,pois abrigar toda a realeza na mesma embarcação em caso de naufrágio todo sacrifício de deixar o reino seria em vão.Na madrugada do dia 27 de novembro o comboio navega pelo Tejo em direção ao atlântico , a viagem foi escoltada pela Marinha Real britânica ,para garantir que nenhuma surpresa pudesse impedir a fuga dos portugueses.No dia 29 de novembro ventos fortes empurravam os lusos em direção a sua colônia uma refúgio seguro e a 6 mil quilômetros das guerras Napoleônicas,no rastro D. João VI deixava um povo desolado e sem perspectiva de futuro. No dia seguinte as tropas do General Junot entram soberanas em uma Lisboa funesta que ainda chorava a ausência de seu Monarca .O sonho de liberdade estava nas mãos do britânico Arthur Wellesley ,duque de Wellington ,homem responsável em organizar as tropas Anglo-Portuguesas para expulsar os invasores Franceses.Um monarca abatido olhava cada vez mais tristonho um reino que ele deixava para trás , mas não sem o sincero sofrimento de Pai que se vê forçado a abandonar o filho.Um dia antes de seu embarque para o Brasil D. João VI escreve um decreto onde explica as suas razões para tal ato , em suas palavras fica claro o sentimento de dor e frustração de abandonar seus súditos: “ Tenho procurado por todos os meios possíveis conservar a neutralidade de que até agora tem gozado os meus fiéis e amados vassalos e apesar de ter exaurido o meu real erário,e de todos os sacrifícios a que me tenho sujeitado, chegando ao excesso de fechar os portos dos meus reinos aos vassalos do meu antigo e leal aliado , o rei da Grã Bretanha ,expondo o comércio dos meus vassalos a total ruína, e a sofrer por este motivo grave prejuízo nos rendimentos da minha coroa. Vejo que pelo interior do meu reino marcham tropas do imperador dos Franceses e rei da Itália ,a quem eu me havia unido no continente ,na persuasão de não ser mais inquietado(....)E querendo evitar funestas Consequências que se podem seguir de uma defesa ,que seria mais nociva que proveitosa,servindo só de derramar sangue em prejuízo da Humanidade(....)tenho resolvido em benefício dos meus vassalos passar com a rainha minha senhora e mãe ,e com toda a real família ,para os estados da América , e estabelecer-me na cidade do rio de Janeiro até a paz geral”
(26/Nov/1807 – Decreto de sua alteza real regente, o príncipe D. João VI)
As razões que levaram a Família real a fugir de uma Europa em guerra podem ser claras, porém a imagem do monarca varia de acordo com a fonte ou opiniões pessoas, D. João VI pode ser descrito como herói que preferiu a humilhação de uma fuga a ver seu povo definhar nas mãos de Napoleão ou simplesmente será lembrado como um monarca covarde que salvou a própria pele abandonando seus súditos. Não a cabe a mim fazer esse julgamento a história não é baseada no conflito eterno do bem VS o Mal , ou certo e errado .Fato inegável é a vinda da Família real para o Brasil , episódio que mudou pra sempre o destino de Brasileiros e portugueses dos dois lados do Oceano Atlântico. A Viagem foi um verdadeiro martírio para os componentes da corte que acompanhavam o seu soberano nessa “Aventura nos trópicos”. No longo caminho até a América do sul água e comida foi um sério problema em razão da péssima preparação da viagem, dada as circunstâncias que tornavam o embarque imediato. Enjôos, pessoas amontoadas e dormindo ao relento, epidemia de piolho tornava os mais de seis mil quilômetros até a colônia um inferno na terra. No dia 22 de janeiro de 1808 a esquadra portuguesa chega a salvador, depois de uma parada para reparos e descanso dos tripulantes o comboio segue para o Rio de janeiro destino final da viagem. No dia 7 de março eles avistam a o longe o povo aglomerado na praia , para recepcionar o primeiro monarca a pisar em solo Americano , no dia seguinte a corte desembarca para o frenesi popular.A partir desse momento a vida da Colônia nunca mais seria a mesma !!!!

3 comentários:

  1. corte portuguesa a maio fujona da historia.

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  2. a história é um fato que nunca se esquese. pois fassa com que sua história seja lembrada.

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  3. Minha opinião:O decreto de sua alteza real regente,o principe:D.João VI,em fuga de Napoleão,para a Colônia brasileira,objetivando preservar interesses comerciais junto à Inglaterra,e os comerciantes portuários portugueses,fonte do erário real,não justifica o abandono dos vassalos(o povo lusitano)à mercê da capacidade bélica inglesa.Antes a parceria na defesa,até a queda do último soldado nacional e aliado inglês à humilhante fuga com a desculpa apresentada.Na verdade é sempre assim,a elite defendendo a pele da elite.Pasmem nas atitudes que tomaram a partir do dia 08 de março de 1808(coincidentemente,08 de março é o dia do meu"niver").

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